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Irmã Dulce

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Segunda filha de Augusto Lopes Pontes, professor da faculdade de odontologia, e de Maria de Souza Brito Lopes Pontes, ao nascer recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Ela nasceu em Salvador em 26 de maio de 1914 . Com sete anos, perde a mãe, com 26 anos de idade. A vocação para trabalhar para os pobres começou cedo. Aos 13 anos, transformou a residência de sua família e passou a acolher mendigos e doentes, passando a sua casa ficar conhecida como "A Portaria de Francisco". Nesta época, surge o desejo de dedicar-se a vida religiosa. Em 8 de fevereiro de 1933, entra para a Congregação das Irmãs da Imaculada Mãe de Deus após formar-se como professora.

Em 13 de agosto de 1933, adota o nome de Irmã Dulce, em cerimônia religiosa em que recebe o hábito. Em 1935, ela já dava assistência a comunidade pobre de Alagados, além dos operários e, em 1936, inaugura o primeiro posto médico juntamente com o Frei Hildebrando Kruthaup, que dará origem, em 1937, ao Círculo Operário da Bahia, mantido pela arrecadação dos cinemas construídos por eles através de doações.

Em 1939, ela inaugura a escola pública Colégio Santo Antônio. No mesmo ano, para abrigar doentes que recolhia nas ruas, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha do Rato, em Salvador. Foi expulsa, peregrinou durante uma década de um lugar para outro. Então a freira decidiu matar as galinhas do galinheiro de seu convento, tapar as paredes com compensado e instalar estrados e colchões para abrigar 70 doentes, o que mais tarde, em 1960, seria o Hospital Santo Antônio, centro de um complexo médico, social e educacional que continua atendendo aos pobres. Conhecida pelo contato direto com as figuras mais importantes do país, na inauguração do hospital foram o então governador baiano Juracy Magalhães e Norberto Odebrecht, que enviou engenheiros e operários para construir o local e todas as suas ampliações nas décadas seguintes (em 1970, passou a ter 300 leitos e, em 1983, 800), conforme explica o jornalista Graciliano Rocha, autor da mais recente biografia da primeira santa brasileira (Irmã Dulce, a santa dos pobres).

Porém, ela solicitava ajuda a todos, ficando famoso o episódio relatado pelo jornalista baiano Jorge Gauthier no livro-reportagem "Irmã Dulce: Os Milagres pela Fé", em que um lojista cuspiu na palma da mão estendida da freira para recusar seu pedido de doação. A santa Dulce teria, então, estendendo a mão limpa, explicando que a outra palma continuava livre para receber a ajuda aos pobres. Um de seus biógrafos coloca: "Na minha pesquisa, não encontrei nenhuma autoridade que tivesse dito 'não' para Irmã Dulce". Sobre isto, Antonio Carlos Magalhães resumia: "Eu nunca estive em posição de dizer não a ela. Não era possível porque ela chegava com aquela doçura capaz de desarmar o coração mais duro. Muitas vezes ela me abraçou e acariciou com ternura e eu conhecia o interesse que ela tinha em ajudar aos pobres". Em 1979, ela recebeu a visita do presidente João Batista Figueiredo, que ajudou a financiar a ampliação do hospital em 1983. A relação mais próxima deu-se com José Sarney. Graciliano Rocha conta que ela tinha o número do telefone vermelho que ficava na mesa de Sarney no Palácio do Planalto e que permitia acessá-lo diretamente.

Irmã Dulce, a freira brasileira que dedicou sua vida à caridade, que construiu e manteve uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país - as Obras Sociais Irmã Dulce - tornou-se Santa Dulce dos Pobres ontem, numa cerimônia conduzida pelo papa Francisco, no Vaticano. Esta é a primeira Santa Católica de origem brasileira. Uma mulher de aparência frágil que cuidou dos pobres de Salvador como ninguém e deixou um legado de amor e trabalho pelos mais necessitados. O respeito e reconhecimento a sua obra vai muito além dos católicos ou cristãos da Bahia, seu trabalho é reconhecido por todos aqueles que buscam a construção de um mundo mais justo, com mais amor e respeito para todos. Hoje, de acordo com o site www.irmadulce.org. br, seu hospital faz 2,2 milhões de procedimentos hospitalares por ano, tem 954 leitos hospitalares, 3 mil funcionários e 787crianças acolhidas no Centro Educacional. São números do exercício do bem, que é seu maior legado.

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